Propinas
Descobri, ontem, que as propinas do meu curso, de especialização em ciências documentais na UC, foram aumentadas 33,3(3)%: de €750,00 passaram a €1000,00/ano!!!
Depois de, no ano passado, as propinas de licenciatura, na UC, terem aumentado 140%, passando de cerca de €375,00 para cerca de €880,00, "actualizadas" este ano para aproximadamente €901,00, as propinas de um curso de pós-graduação, que ainda vai sendo uma escapatória para os desempregados da área das humanidades, as propinas deste curso são aumentadas em 33%: devia ficar mal os gajos da pós pagarem menos que os licenciandos...
Outro problema, e que leva a ter outro enfoque sobre a questão, é o processo de Bolonha, segundo o qual, em nome da uniformização do ensino superior na Europa, grosso modo, as "licenciaturas" vão passar a ter 3 anos e serão complementadas por "mestrados" de 2 anos, para se obter o mesmo nível de formação que se obtém numa licenciatura actual de 5 anos. Como a lei portuguesa prevê que os licenciados não podem obter bolsas sociais, vai haver muita gente que nunca terá oportunidade de receber uma formação equivalente à que se pode receber actulamente, recordando que o valor médio das propinas de mestrado na FLUC (noutras faculdades poderá ser mais caro) se situa entre €2500,00 e os €3500,00.
Com tudo isto, mesmo assim, ainda há quem se indigne de ver um grupo de jovens de cara tapada, porque temem represálias a nível disciplinar, a protestar no dia da suposta abertura solene das aulas da UC.
Pergunta de código da estrada:
- Um sinal circular, de fundo branco, rodeado de uma faixa vermelha circular, com um traço vermelho oblíquo sobre uma cruz suástica indica o quê?
a) viva hitler;b) proibido o nazismo;
c) nenhuma das anteriores;
d) todas as anteriores.
Nuno Pereira, editor de sociedade do Correio da Manhã, considera a alínea a), apesar de no seu gabinete ter a foto verdadeira, muito melhor do que a sua reprodução na edição em papel do jornal (na edição em-linha, nem chega a aparecer, vá lá saber-se porquê!!!) que vários transeuntes, num pequeno inquérito de rua, identificaram correctamente a simbologia de tal ícone, escreve esta alarvidade!
A pequena crónica de Nuno Pereira, eivada de respingos de marialvismo, diz claramente isto: eu sou mau jornalista, mas mesmo mau jornalista, mau jornalista a sério...
Ora, discurso marialva = nacionalista = fascista = nazi, ora querem ver que o rapaz, o tal do Correio da Manhã, joga na equipa adversária da pessoa que transportava o símbolo anti-nazi na camisa...
Por outro lado, anda praí tudo de luto, em latadas e nabadas, (o papá com muito esforço paga as propinas e os copos, e os outros manifestam-se pelo menino, que até usa fato de padre do séc. XIX, que é "doutor", um gajo importante [quando acabares o curso vais ver a importância que tens!]) sem ligarem a mínima importância ao que se vai passando: alienados de MERDA!!!
Serve esta introdução para fundamentar uma ideia que pode matar três coelhos de uma cajadada:
- Suspensão das festas académicas e da praxe até que o Governo e as Universidades comecem a dialogar com os estudantes, porque nada se resolve à pancada, como no ano passado.
Por um lado, os interesses económicos (Togas, Cervejeiras, multinacionais do fast-food, hotéis, Câmara Municipais, etc.) que vivem à sombra da tradição e festas académicas iam formar um lóbi junto do Governo para que pudessem voltar a ter os seus tradicionais rendimentos;
Por outro lado, a imagem dos estudantes saía valorizada junto da opinião pública (posso dizer que neste momento é má, mas muito má);
E, finalmente, mostrava-se a mais estudantes que há vida para além da praxe...
Pessoal, era bom aprovar isto numa Magna com quorum e tudo... ;)
imagem via: google
Adenda: citando Antero de Quental: 'A Universidade só iluminará o povo, no dia em que lhe pegarem fogo!'
posted by A. H. Neves at 25.10.05
21 Comments:
Com estes aumentos brutos dentro de 10 anos o ensino superior público será tão caro como o privado. Se calhar o lóbi que falas está mais relacionado com quem "governa" as universidades privadas. ´
Seria engraçado analizar o número de governantes e deputados que dão aulas no ensino superior privado, e quantos depois de deixarem o governo regressam ao ensino, e destes quantos começam a dar aulas no privado.
Posso dar 3 casos: Marcelo Rebelo de Sousa, Cavaco Silva e o já falecido Sousa Franco... Quem souber mais que cite mais nomes.
Aquele Nuno Pereira deve ser acéfalo mas tem o privilégio de opinar no correio da manhã. Faltando na comunicação social a voz das minorias, o governo faz o que quer: toma lá que é isto a que chamam democracia!
Minha cara faculdade! ;-)
Mas se vocês, meninos universitários, não pagarem o grosso do serviço ensino com as propinas, teremos de ser nós, povo trabalhador, explorado e oprimido, a suportá-lo com impostos. Não acham que estão a abusar?
Zé do Manguito
O Zé do Manguito vive em que mundo?
Por acaso o aumento das propinas fez baixar os impostos?! Não! Muito pelo o contrário... aumentam-se as propinas e aumentam os impostos.
Já que está tão preocupado com os pagamentos... e os pais daqueles que andam no privado que pagam os impostos que todos pagam e que ainda pagam (e bem pago) as propinas dos seus filhos?!... tipo mais de 300 euros por mês.
De certo me dirá que o aluno poderia ter ido para a pública no lugar de ir para o privado. Aí respondo... são opções ou oportunidades.
eu também trabalho e também pago impostos, amigo zé!!!
e isto é tudo uma questão de prioridades: por é que portugal mantém um exército profissional inútil (diria outra coisa se os visse a fazer outra coisa que não roçar as paredes dos quartéis), porque é que o bes e o millenium e o bpn fogem aos impostos, porque é a fatinha n está atrás das grades, nem o pedroso, porque é que nada funciona neste país?
mas, zé, digo-lhe uma coisa: segundo a minha visão do mundo o direito à saúde e à educação devem ser universais e gratuitos...
Posso citar-lhe o art. 74 da Constituição da República Portuguesa: (ensino) 1.Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.
2.Na realização da política de ensino incumbe ao Estado: (...) e) Estabelecer progressivamente a gratuidade de todos os graus de ensino. (...)
Olhem, meus amigos (Dinis e A.H):
a partir de determinado nível de ensino (pós-graduações, mestrados,etc) e/ou a partir de determinado nível de chumbaria, sou da opinião que deve usar-se o princípio utilizador-pagador.
O que se gasta na UNiversidade, hoje em dia, é um abuso que sai dos bolsos do povo para ir financiar as férias, as praxes e as farras dos meninos, não tendo qualquer contrapartida na produção de riqueza (grande parte dos cursos são passaporte para o desemprego), antes contribuindo para manter escolas completamente inúteis. Se pagarem, logo serão mais criteriosos nas opções!
Zé do MAnguito
Giro, mas há muitos Dr.s Zés e no tempo deles tudo isto era impensável... Pagavam uma ninharia por cadeira; (eu por uma cadeira tenho de pagar a propina por inteiro. Por outro lado o discurso do sô zé mostra a ignorancia de quem não vê as potencialidades (e mais-valia para o país)de fomentar o livre acesso à educação.
Nós também somos povo explorado e oprimido, mas temos capacidade de discutir e tomar posições radicais ou não. Estudamos caro e mal, pagamos 21% de iva como os outros, mesmo em recursos didáticos que para outras pessoas o possam não ser... Artes plasticas, pintura, música, arquitectura, informática, (isto esquecendo-me de muitas outras)
O ensino superior não deve ser visto como um gasto, mas como um investimento, porque de formaçao está mais que provado que precisamos bastante, mas devemos ficar à mama dos fundos do Poedfs? só dura até 2013...
formamos tudo agora para que os que vem depois terem toda a formação/educação a preços inacessíveis? mais vale pegar na pá e começar a escavar o buraco para enterrar este páis morto...
Caro anónimo
não há investimento que o seja se não tiver um retorno adequado.
Se está fomentar a formação de pessoas para as enviar directamente para o desemprego, é um retorno bem lamentável. Teria sido preferível parar no 12º ano ou num curso tecnológico e não estar a sustentar universidades inúteis e a criar ilusões em quem queima as pestanas.
Dirá que as pessoas têm direito a escolher a formação que muito bem entenderem: pois têm e eu acrescento, se for útil ao país, este paga-a, se não for, o utilizador que a pague.
Zé do Manguito
o problema é mesmo esse: os sucessivos governos não planeiam o investimento em educação: não há ninguém a fazer um trabalho que se faz em qualquer país civilizado, ou seja, através de estudos científicos, calcular o número de quadros (em todos os níveis) que serão necessários à economia do país em 5, 10, 20 anos...
por outro lado a cultura da cunha e dos amigos também não ajuda nadinha à meritocracia que é desejável num país que se quer desenvolver...
E ainda os profesores universitários, que são pagos para dar um certo nº de horas de aula e participarem em projectos de I&D, mas que nas horas em que deveriam desenvolver tais projectos leccionam nas privadas...
uma pergunta: em portugal para quê fazer I&D, se as empresas portuguesas (salvo raras excepções: Multibanco, Via Verde, Critical Software) não os aproveitam (preferem "investir" em jipes e montes no alentejo).
engraçado: o zé do manguito utiliza servidores do FCCN alojados na UTL
Caro Zé,
concordo com o seu segundo comment quando escreve: "a partir de determinado nível de ensino (pós-graduações, mestrados,etc) e/ou a partir de determinado nível de chumbaria, sou da opinião que deve usar-se o princípio utilizador-pagador."
Bom... eu até gostaria de saber onde posso fazer um mestrado ou uma pós graduação à pala? Quanto aos chumbos é simples, há por aí universidades que ao 3º chumbo numa cadeira é sinónimo de expulsão do curso. A situação resolveria-se por si própria.
No entanto o que me preocupa, nem me deveria preocupar tanto porque até já concluí a minha licenciatura há alguns anos, foi o que escreveu no 1º comment: "Mas se vocês, meninos universitários, não pagarem o grosso do serviço ensino com as propinas, teremos de ser nós, povo trabalhador, explorado e oprimido, a suportá-lo com impostos. Não acham que estão a abusar?"
Mas por acaso se não fosse esses "meninos universitários" qual seria a sua profissão?! Tem assim tanta azia contra os "meninos universitários"? Já agora, não seria melhor se as empresas e particulares que fogem ao fisco começarem a pagar o que devem do que culpabilizar os "meninos universitários" pela situação que o país atravessa?
Só uma coisa, que idade tem? Não será por acaso a sua geração a responsável pela negra sina que o país atravessa neste momento?!
O Zé do Manguito é intemporal.
Representa a revolta do povo contra o desperdício disfarçado de investimento tão vulgar nos nossos dias e no nosso país.
Quanto à questão da geração, Dinis, prefiro não responder. Acho incorrecto assacar as responsabilidades da crise a uma determinada. Seria à do 25 de Abril? À dos Yupies? À "rasca"? Eu associo mais a crise a incorrectas opções políticas...
Quanto ao servidor da UTL, A.H., penso que não é argumento a ter em conta quanto a esta questão, mas você decidirá.
Registo, contudo, algumas concordâncias entre nós
Zé do MAnguito
teremos de ser nós, povo trabalhador, explorado e oprimido, a suportá-lo com impostos é uma frase que fica mal a quem tem a possibilidade de utilizar os servidores da reitoria da utl... (só é argumento no que diz respeito à contradição).
Agora, é verdade k o nosso povo é proverbial no que diz respeito ao desperdício: nós fizemos talha dourada e os holandeses desenvolveram a economia.
Quanto às propinas: as máximas eram só para os que os que chumbavam + k 3 num curso de 5, ou + de 2 num curso de 4; agora estes são expulsos (prescrições) e toda a minha gente paga propina máxima. Vá lá confiar-se nos políticos...
Em vez de olharem para os EUA(c 1 índice de IDH pouco melhor do k o português), os nossos políticos tem k olhar par os países com melhor IDH (Canadá, Noruega, Austrália, Islândia...) e aprenderem algo com eles: eu não quero ser rico, quero viver BEM!!!!
O problema deste país é que a maioria se posiciona no mesmo quadrante da bússola política que tu. E isso, todos se suportarem a todos, só conduz, dada a natureza REAL humana, a que todos fiquem à espera da contribuição dos outros e assim se deixa de produzir riqueza e assim deixa de haver dinheiro para todos se suportarem a todos e assim tudo começa a ficar mais caro até que, finalmente, a coisa rebenta.
"E todos vamo alegremente caminhando de braços dados criar o homem novo"... que acaba por cedo morrer
quarto quadrante, o conhecimento é, per si, riqueza...
mas é uma riqueza virtual; não "enche" a barriga; e de barriga vazia tende-se a conhecer a fome, no extremo a morte: a última coisa que todos conheceremos...
o conhecimento é uma forma de encher a barriga... quem planta couves tem que conhecer como se plantam couves...
ok. mas eu aspiro a mais que um prato de couves.
e mesmo que saibas plantar couves... não podes ficar com elas para ti ou fazeres o que quiseres com elas: és obrigado a ser "solidário" e dar parte delas à "comunidade".
Eu cá gosto da liberdade de ser solidário se quiser... No fundo sou uma parte de uma minoria obrigada pela maioria... e assim é a democracia.
quem te disse a ti que se é obrigado a "dar" à comunidade; as couves são da comunidade... o problema disto chama-se medo!
Se consideras que todo o fruto do teu trabalho é da comunidade tudo bem.
Tudo mal se pensas que todo o fruto do meu trabalho, ou de outros, é, sem consentimento, da comunidade.
Não é medo. É razão. É humano. É natural.
Enviar um comentário
<< Home