sexta-feira

School Bus...

Ele há com cada uma...
Quando andava no Ciclo e no Liceu de Ourém, eu que morava a 21 km destas escolas, tinha que andar forçosamente de autocarro... por vezes chegavam-me estórias de acidentes de autocarro, onde viajavam colegas de turma/escola...
Mais tarde há o trágico atropelamento, por um autocarro, de uma menina em frente à C+S da Freixianda, e, passados anos, seguiu-se um outro atropelamento, em frente à mesma escola, desta vez por um condutor exibicionista...
Agora, chega-nos esta estória pelo Da minha janela.

Acabado...Silva



Cavaco Silva comentado num excelente texto por António Tabucchi no DN de ontem; a ler!

desafio...

Devido a reclamações de várias famílias (Luís e Sandra) , lançamos um desafio aos candidatos... auto-caricaturarem-se como personagens South Park... sempre ficarão satisfeitos...

O vencedor levará como prémio a garantia de que não irei alterar a minha intenção de voto, seja qual for o resultado...

lol

quinta-feira

Sem palavras...

imagem de: Alberto Ferreira

via: Buraco da Fechadura

quarta-feira

política oureense... south park

A partir do sítio referido no post anterior, diverti-me a transformar os políticos de Ourém em personagens do South Park:

Alho


Sandra


Luís


Catarino

eu... south park

O matarbustos descobriu um sítio altamente, podemos criar personagens à la South Park aqui.
Aqui estou eu...

O Toino


Perto da minha aldeia há um tasco a todos os níveis peculiar - o Toino Barracão!
No Da minha janela fiquei a saber o que o Toino estava nas listas do CDS-PP para a Junta de Freguesia de Rio de Couros, mas é de ler o artigo da Elvira no Da minha janela.
foto via: Da minha janela

terça-feira

reciclagem



retirado de: Os Compadres

segunda-feira

O diário...


Pode ler-se o diário íntimo e pessoal do Jorge Dable-iú Embuste aqui

Planeta Terra, séc. XXI

Como seria uma amostra (de 100 pessoas) representativa de toda a Humanidade?
Se transformarmos a população da terra numa comunidade pequena de 100 pessoas, e se mantivéssemos as mesmas proporções que temos hoje no mundo actual, a humanidade seria assim constituída:
61 asiáticos
12 europeus
13 americanos (da América doNorte e do Sul)
12 africanos
01 australiano (Oceania)

50 mulheres
50 homens

67 não são Cristãos
33 são Cristãos ( católicos, protestantes e ortodoxos)

Desses 100 habitantes, só 6 pessoas possuíam 59% de toda a riqueza mundial, 13 teriam fome ou sofriam de má nutrição, 14 não sabem ler, e tão-só 7 teriam instrução a nível secundário

Das despesas anuais totais daquela comunidade no total de 3,000,000 dólares por ano:
- 181,000 dólares seriam gastos em armas e guerra...
- 159,000 dólares seriam gastos em educação...
- 132,000 dólares seriam gastos em saúde.

Finalmente, se você é daquelas pessoas que mantém os seus alimentos num frigorífico e as suas roupas num armário, então fará parte do grupo mais rico da Humanidade (isto é, 25% daquelas 100 pessoas)

E se tiver uma conta bancária, então isso significa que você será uma das 30 pessoas mais ricas no mundo ( naquela amostra de 100 pessoas que compõem aquela amostra da Humanidade)

Dessas 100 pessoas que fazem parte da amostra, 25 lutam para viver com 1 dólar ou menos por dia , e 47 pessoas lutam para viver com 2 dólares ou menos por dia.

texto de: pimenta negra

sexta-feira

A classe média não tem futuro histórico!


Não resisto a publicar um artigo de Kathy Young, uma mulher americana de "classe média" que relata as aflições da sua vida.

O artigo À espera de ser paga pode ler-se aqui, aqui e, na sua versão original, aqui.

Conquistas...

Publico aqui um cartune (port. ant. cartoon) do hondurenho Dário Banegas:


via: Buraco da Fechadura

quinta-feira

Católica, nada católica


Reproduzo aqui um artigo de Vital Moreira, publicado no Causa Nossa, e que se refere a um artigo publicado n'As Beiras sobre uns negócios nada (ou tudo...) católicos na Figueira da Foz.


"Os negócios da Católica"
A escabrosa história vem contada aqui, no Diário das Beiras. Parecendo de veracidade inatacável, baseada em documentos, o que ela revela são as formas ínvias de financiamento da Universidade Católica à custa do património público, mediante "cambalachos" comprometedores com o poder local e com o Governo.Perante os factos, há duas perguntas que carecem de resposta: (i) por que é que o Governo prescindiu da cláusula de reversão dos terrenos em causa, permitindo a realização de um pingue enriquecimento sem justa causa da UC? (ii) por que é que o município da Figueira da Foz resolveu viabilizar um hotel num terreno que era público e que foi alienado a preço de favor para a construção de instalações universitárias? Que país, este!
[Publicado por vital moreira]
20.9.05

quarta-feira

só...a...rir...


- Epá, o Soares, agora tem muito mais hipóteses de ganhar as eleições...
- Então!?
- Conta com o apoio de dois americanos... o Alzheimer e o Parkinson!!!
imagem: José Vilhena

segunda-feira

A BURGUESIA PORTUGUESA SERVE PARA QUÊ ?

Brilhante a análise do(s) autore(s) de ESQUERDADESALINHADA:



UMA BURGUESIA PERFEITAMENTE INCAPAZ E DEPENDENTE. ENTALADA ENTRE A PRESSÃO DO CAPITAL GLOBAL E A ESPOLIAÇÃO DE UMA MULTIDAO DE TRABALHADORES, NÃO HESITA, CONFORME SE VERIFICA COM A ACTUAÇÃO DA DIREITA NO PODER (PS
A BURGUESIA PORTUGUESA SERVE PARA QUÊ ?

1. O impasse presente

O fracasso da gestão capitalista em Portugal está à vista. Depois da venda dos créditos fiscais, da subida do Iva para 21%, da venda de património público, da redução dos direitos dos desempregados e dos trabalhadores com baixa, do congelamento dos salários da função pública durante dois anos, está tudo pior do que antes. Afinal o célebre deficit ainda se mostra superior ao que a direita tradicional herdou em 2002.

Para além do ridículo rigor sobre a dimensão quantitativa do deficit e dos erros de contas - que só demonstram o seu carácter fundamentalmente político e pouco económico - o deficit não passa de um elemento central de agressiva redistribuição do rendimento a favor do capital que se vem verificando sob o patrocínio da Bruxelas.

Das políticas levadas a cabo agora pela nova direita no poder, pretende-se fazer crer que Portugal é um local onde a população vive com elevados privilégios (como salários médios de 800 euros… ou pensões de 300) e que todos nos devemos sacrificar.

Todos ? Não! Há um punhado de abnegados patriotas que se sacrificam particularmente. São os chamados empresários que investem as suas poupanças no imobiliário e nos paraísos fiscais, que transferem os seus negócios para as chinas, e que, com a sua habitual visão do longo prazo… mais não querem que enriquecer a grei. Assim, num qualquer 10 de Junho iremos todos ao Terreiro do Paço agradecer a esses sacrificados a riqueza que então gozaremos, pela boca do sampaio que então estiver de serviço.

Diziam eles que a retoma viria no cavalo branco da recuperação económica na Europa e que o esmagamento do poder de compra interno seria compensado pelo acréscimo de negócios de exportação, verdadeira fonte de progresso para o neoliberalismo. Nem isso aconteceu nem poderia acontecer: a própria Alemanha com um aumento da sua qualificada exportação de 10% em 2004 só viu o produto aumentar 0,7%

Pretenderam também convencer-nos das virtudes, desenvolvimentistas de mais um impulso decisivo da obra pública, (os estádios de futebol); mas o que sobrou foram elefantes brancos e a ausência de reais impactos de eventos como o Euro 2004 (0,1 a 0,2% do PIB, se Constâncio não se enganou nas contas…); e agora insistem na mesma tecla com a Ota e o TGV, depois do fracasso do campeonato da vela que entretanto serviu para fechar a Docapesca.

Mesmo substituindo o tonto Santana pelo robot Sócrates não é mais possível esconder que o rei vai nu; o modelo (liberalismo económico selvagem) não vinga numa economia estruturalmente atrasada e os protagonistas (empresariato e mandarinato político) não estão à altura do problema. Quanto aos trabalhadores, todos reconhecem que, “lá fora” até conseguem ser produtivos, tal como aqui, em muitas empresas de capital estrangeiro, a despeito da fraca qualificação de muitos.

Costuma dizer-se que os portugueses são um povo simpático mas quanto às instituições portuguesas… estamos conversados. Mais claramente, Almada Negreiros dizia “ A burguesia portuguesa tem os defeitos de todas as burguesias e mais um, o de ser portuguesa”. Esses defeitos são, o de ser atávica, viciada em fraude e corrupção, incompetente tecnicamente, culturalmente indigente, sem visão de médio ou longo prazo. E, por consequência precisa, hoje, desmesuradamente de trabalho barato, de um quadro político de democracia de papelão onde pululam impunes Valentins, Isaltinos, Jardins e Avelinos, tal como ontem, sob o condicionamento industrial e a bênção da Igreja ou, mais atrás ainda, através do tráfico negreiro.

2 - Um pouco de História

É histórica a incapacidade do capitalismo português;
a. Na falhada construção do império no Oriente só a casa real tinha capacidade para investir pois, quanto a empreendedores privados, ninguém os viu.
b. A independência de 1640 foi uma oferta inglesa para dividir a Espanha sem que daí tivessem vindo benefícios para os portugueses e ainda foi preciso adornar com colónias o dote da princesa que casou com o rei britânico;
c. Methwen representou a subalternidade ao imperialismo inglês e o triunfo de uma burguesia rural e comercial;
d. Do ouro do Brasil sobrou o aqueduto das Águas Livres e investimentos tão produtivos como a igreja de S. Roque ou o convento de Mafra;
e. As colónias africanas inseriram-se numa política de venda de matérias primas no mercado internacional e área reservada para a exportação de produtos de baixo valor, num enquadramento da sobre-exploração proveniente do trabalho forçado e do imposto de palhota. As classes dominantes em Portugal criaram uma situação única: gerou subdesenvolvimento nas colónias e no seu próprio território, numa contabilidade de saldo negativo.

É, finalmente, uma burguesia despojada de qualquer papel no capitalismo global que é absorvida pelos poderes dominantes na U€; sem um mercado interno vasto e rico, sem matérias primas essenciais para vender, sem indústria ou serviços tecnologicamente evoluídos, sem qualidades de gestão para além do modelo do baixo salário e da evasõo/fraude fiscal só resta a subordinação aos ditames do FMI e de Bruxelas a troco dos fundos comunitários. Tudo isto apoiado numa fraseologia desenvolvimentista e de geração de ilusões junto da multidão portuguesa de que os apoios comunitários procediam de instituições beneméritas que visariam a construção de um “mercado único” com a promoção dos menos ricos a nababos.

Definida para toda a U€ uma política económica para servir as multinacionais, o sistema financeiro e o capital mafioso, chegou também a ideologia da democracia de mercado e o pensamento único para adopção pelos subserviências locais, no discurso do mandarinato político, nas reivindicações do patronato, no linguajar modernaço dos plumitivos de serviço nos media.

E instalaram os mitos da empresa privada, do “empreendorismo”, do negócio, do lucro, do dinheiro fácil, da boa “governança” da tecnologia, da nova economia, dum mercado de capitais que não há, apontando como contrapartidas necessárias, temporárias e regeneradoras, o despedimento, o trabalho extra não remunerado, a moderação salarial para quase todos e pensões miseráveis; para os poucos restantes, os de elevados rendimentos, ficaram os benefícios fiscais, o baixo IRC (para aqueles que declaram lucros…) que se destinam ao investimento, que só representa 10% do PIB, se se excluir a construção…

Mais em detalhe, realcem-se algumas realizações deste mandarinato político, desta burguesia portuguesa e veja-se para que precisa a multidão de trabalhadores e ex-trabalhadores, daquele tipo de escória social.

a. Essa burguesia vem esbanjando improdutivamente os fundos comunitários para formação, que tem mantido um sistema educativo gerador de ignorantes e muitos cursos superiores onde basta ter paciência e dinheiro para sair com um diploma. É óbvio que para uma burguesia habituada a viver na base de baixos custos de mão de obra, pouco qualificada, sem outras capacidades para a gestão, a educação é um custo corrente, não um investimento. A tão invejada Irlanda procedeu à sua reforma educativa moderna no final dos anos 60 !

b. Porque não valoriza as capacidades produtivas dos trabalhadores, não consegue atrair investimento estrangeiro duradouro ou produtivo. Prefere apostar apenas no baixo custo do trabalho, importa-se mais com os benefícios fiscais, a legislação laboral, numa visão estreita e suicidária, sobretudo se se pensar nas condições vigentes na Ásia. Só a Espanha é que tem verdadeiro interesse em investir aqui, para ganhar dimensão e tirar proveitos da proximidade, enquanto as multinacionais se instalam em Madrid e não em Lisboa. Quando (não é se…) a Autoeuropa fechar as portas ou reduzir a actividade, que vai fazer a burguesia portuguesa perante tal quebra no emprego directo e indirecto? Oferecer trabalhadores portugueses como escravos, não pagos, acentuando à sua tradição negreira ?

c. O sector da construção e obras públicas está sobredimensionado pois é uma forma de aplicação do afluxo de fundos comunitários, do capital proveniente da corrupção, de tráfegos e negócios mafiosos e de alimentar o financiamento ilícito dos partidos do poder, dos seus dirigentes e a especulação imobiliária, Quando houver um travão a esse cambão, quantas empresas irão à falência e quantos desses 600 milhares de trabalhadores serão afectados?

d. As autoestradas construidas em grande parte com fundos comunitários têm preços muito elevados, sempre actualizados com a inflação (os salários nem tanto…) afectando a competitividade das empresas. Embora a circulação automóvel tenha sido, na realidade, privatizada, nem por isso os impostos diminuíram. E o negócio das SCUTS revela que se privatizaram troços de circulação, não rentáveis em termos comerciais, garantindo-se, em alternativa, um chorudo financiamento público dos seus construtores e concessionários.

e. Os mais proeminentes dos grandes patrões dedicam-se, na essência, ao comércio retalhista e imobiliário (Belmiro), imobiliário (Amorim, RAR) ou actividades tão tecnológicas como a gestão de participações financeiras, serviços bancários e especulação bolsista. Fora disso, ainda há os preços de monopólio praticados pela EDP ou pelo cartel das telecomunicações. E a arrogância da banca, ancorada nesse monstro de ineficiência que é a CGD, (sob o harmonioso domínio do bloco central) exclui qualquer preocupação social ou estratégica, sem investir em actividades produtivas, tão somente como usurária, manipulando a configuração do sistema fiscal.

f. Em Espanha, apesar da diferença de dimensão e das semelhanças climáticas, a área ardida este ano fica por metade do que já ardeu em Portugal. E, para o ano. cá estarão de novo os mandarins a recitar os meios e as medidas, os milhões de euros e os planos, numa ladainha sempre igual. Entretanto, prendem alguns eventuais incendiários entre os tontos de aldeia e os telejornais relatarão empolgados o assunto, como se fosse um encontro de futebol. Que burguesia no mundo se dá ao luxo de enriquecer à custa dos fogos florestais, num negócio criminoso já relativamente bem conhecido e basicamente impune?

g. Há dezenas de anos que se tem consciência da dependência energética face ao petróleo. A Dinamarca produz energia eólica para cobrir 20% do seu consumo de electricidade; a Espanha obriga as novas construções a ter painéis solares e que faz o mandarinato? A eficiência do consumo energético melhora nos países europeus, e aqui é cada vez maior a incorporação de energia no produto.

h. Medidas para fomentar o transporte público, não se tomam, de facto, para não beliscar o forte sector de importadores e retalhistas da venda de automóveis nem a ostentação saloia do automóvel por parte de muitos. E como o automóvel é rei, o estacionamento e a circulação nas cidades é anárquico, não existem verdadeiras redes de transporte, o ordenamento do espaço não existe, com toda a carga ambiental que daí resulta. E, como o transporte público gera naturais deficits, a “solução” apresentada é a privatização, o aumento das tarifas ou o salto tecnológico ruinoso do monocarril de Oeiras… com 500 passageiros por dia !. A burguesia portuguesa é imobilista por necessidade de sobrevivência; a sua acção, quando se verifica, tem subjacente a rapina.

i. Os compromissos face a Quioto não vão ser cumpridos, Lisboa é uma das mais poluídas cidades europeias, pois das medidas de melhoria da qualidade ambiental não será fácil exercer a subtracção de rendimentos do trabalho. Somente compromissos que se prendem com o deficit são sagrados porque, com a caução de Bruxelas, servem para proceder a uma redistribuição favorável aos capitalistas.

j. Os serviços públicos funcionam mal. Se o sistema de saúde é miserável, que importa se a manutenção de um trabalhador doente, improdutivo, tem baixos custos (9 euros por dia para a segurança social); e, como os salários são baixos e o subemprego elevado, os custos de imobilização são irrelevantes. Os pensionistas, se morrerem mais cedo, melhor, pois são fracos consumidores e gastam o dinheiro da segurança social. Se a arrecadação de impostos é deficiente há décadas, isso é intencional pois, assim melhor se financiam empresas marginais, que só desse modo conseguem sobreviver, serve como amortecedor da recessão e constitui na verdade uma forma encapotada e sem futuro de gerar competitividade. Se o empresariato não sente a necessidade de gente qualificada mas antes de “jeitosos e desenrascados” (desde que baratos), adequados ao seu fraco nível tecnológico e de gestão, que importa que mais de metade da população sofra de iliteracia, incluindo muitos licenciados?

k. Portugal detém a medalha de bronze na competição europeia da corrupção e cada vez é mais transparente e descarada a rede mafiosa partidos-autarcas-imobiliário-futebol, com o sistema bancário a lavar o produto dessa trafulhice toda. Quando alguém é apanhado, um aparelho de justiça, pesado, burocratizado e com regras processuais labirínticas promove processos que se diluem no tempo e no esquecimento. Por isso, quando algum corrupto é desmascarado, trata logo de dizer que … está tranquilo, pois de facto, a impunidade é francamente provável;

l. O controlo sobre a administração pública faz-se pela nomeação de controleiros do partido do poder, incompetentes, subservientes, poluindo-se os serviços regionais e locais da saúde, da educação e da segurança social com o produto das escolhas nos órgãos dos partidos, em regra, o há de pior ao nível distrital ou concelhio.

E as câmaras? Quando há quatro anos a escolha real para Lisboa era entre Santana e o rebento do Mário Soares, é porque a degradação bateu no fundo.

Perante esta ocupação da administração pública o que dizem os media? Que há um problema de … produtividade e, claro está, é preciso acabar com os privilégios dos funcionários públicos.

m. Outra vertente menos badalada sobre a administração pública é que, em paralelo com a degradação dos serviços, aumenta o recurso a concursos de empreitadas de estudos. A administração pública é pastagem para empresas de consultadoria que vivem disso e, decerto também aí haverá favores e dinheiros para os partidos. Sempre que muda o governo, são lançados estudos (os anteriores são sempre maus…) e os mesmos consultores emendam os seus textos para agradar aos novos mandarins.

n. Segundo o circunspecto Banco de Portugal, cozinha dos dados que convêm ao poder, onde sobressai o sumo-sacerdote do neoliberalismo Constâncio, o crescimento médio nominal, anual das remunerações do trabalho, entre 1999/2004 foi de 6% e o dos “rendimentos de empresas e propriedade” … 3%.

Como se vê o capital sacrifica-se pela grei e para que esse espírito de penitência perdure manteve à frente do BCP- Millenium um tipo da Opus Dei. Amen.

o. A evasão e a fraude fiscal inerentes à situação descrita no ponto anterior sobressai de modo claro quando se sabe que um trabalhador por conta de outrem recebe, em média por mês 750 € e um esforçado patrão declara, também em média, 850 !

Como é óbvio… trata-se do já referido espírito de sacrifício típico do ideário anglo-saxónico para capitalistas.

p. O Tribunal de Contas aponta nos seus relatórios específicos irregularidades, actos de má gestão, nas instituições, com maior evidência para o que se passa na Madeira onde quem mais ordena é um inveterado consumidor de whisky. Acontece alguma coisa ? Alguém é responsabilizado ? Não. Nos EUA ainda recentemente o presidente da falida Worldcom foi condenado a 25 anos de prisão por falcatruas contabilísticas.

q. Para finalizar o elenco interminável de misérias da burguesia portuguesa vamos utilizar um elemento quase caricato. Nem sequer conseguiram aprovar legislação para impedir o fumo nos restaurantes como acontece na maior parte da Europa, prejudicando assim o turismo, para além do bem estar dos residentes. Recordam-se como Guterres recuou quando se pretendeu introduzir limites mais rigorosos para o consumo de álcool dos condutores ?

3 - Que saída ?

No actual contexto a sobrevivência da burguesia portuguesa depende de dois factores.

a. Um, é a retoma da economia europeia que lhe permitirá acomodar-se nos últimos lugares da hierarquia do capital, folgando até à próxima crise.
b. Outro, é a aposta, como se tem visto, no desapossar da multidão, de rendimentos, direitos e qualidade de vida, numa espiral empobrecedora cujo fim não se vê. Para já regredimos ao nível de 1995 relativamente ao nível médio da U€.

Um dos aspectos da globalização capitalista de hoje é a criação e constante ampliação de redes de empresas com um carácter cada vez mais desligado do Estado-nação. Ora este foi inventado pelas burguesias nacionais para assim poderem gerir, à sua maneira, o “seu” património nacional e amarrarem os “seus” trabalhadores.

Para estes, porém, o Estado-nação só serve enquanto lhes permitir viver melhor do que os seus congéneres de além fronteiras, num equacionamento complexo onde existem factores culturais e sociais de monta. E, quando isso deixa de acontecer, abrem-se as portas para a emigração e as condições para o enfraquecimento ou dissolução desse Estado-nação, destruída a base da “coesão nacional”, da liderança burguesa.

É evidente que o aprofundamento das relações intra-comunitárias, ainda que numa base essencialmente económica, tem arrastado a perda de poder para os Estados nacionais, nomeadamente dos menos ricos. Parece claro que, há mais de 20 anos, o capital e a burocracia europeia consideram Portugal como satélite da Espanha (por muito que custe a esse grande patriota chamado Alberto João…). E, lentamente, sobretudo nas gerações mais novas, o espanhol já não é detestado mas antes invejado.

No contexto global do capitalismo de hoje que vantagens têm os trabalhadores portugueses com a gestão do empresariato português e do seu mandarinato político? A opressão do capital global, sobre a multidão residente em Portugal fica minorada com a burguesia portuguesa, como capataz ? Se o capital internacional desapossar essa burguesia tosca e atrasada, a produtividade decerto aumenta e as práticas ancestrais de compadrio, evasão/fraude fiscal serão menores, pois não se coadunam com o capitalismo global de hoje. A burguesia portuguesa é uma camada social que só empata, com um valor acrescentado negativo.

Não se pretende afirmar que o capitalismo global traz a bem-aventurança eterna aos trabalhadores. Porém, a unidade da multidão humana contra o capitalismo só é favorecida com a desaparição dos biombos nacionais. Mais facilmente a multidão humana se une, em larga escala, quando se destaca a condição de trabalhadores e de cidadãos do mundo do que quando prevalece a nacionalidade. Veja-se a propósito a unidade conseguida, há dois anos contra a invasão americana do Iraque e como as multidões se imbecilizam fanatizadas pelos magnatas do futebol. O processo de globalização em curso, provoca uma grande centralização do capital e do poder e exige uma concomitante subordinação, integração e até esmagamento das burguesias nacionais, pelo que não sobra um grande papel para o patronato luso e o seu mandarinato político, com realce para a amálgama de direita constituída por PS-PSD-CDS.

Aliás, é histórica a incapacidade das elites empresariais e, consequentemente dos seus funcionários políticos. Embora sejam estes que têm mais visibilidade e portanto polarizam o desprezo e a raiva da multidão, são os primeiros os grandes responsáveis pois, qualquer elenco de mandarinato político é facilmente descartável, como se viu com o ridículo Santana.

Não está aberta uma crise revolucionária em Portugal susceptível de ameaçar, por baixo a burguesia portuguesa. As principais ameaças para esta vêm da pressão do capital global que se repercutam na multidão, com a assinatura do robot Sócrates. Dificilmente se pode imaginar uma crise revolucionária transformadora no âmbito da U€, se de carácter local. Pelo contrário, é necessário um esforço enorme de concertação entre as esquerdas europeias, pesem embora as diferenças de desenvolvimento, cultura e organização social; e, para esse esforço o principal contributo é:

• evidenciar junto da multidão que os partidos e sindicatos liberais ou sociais-democratas, são apenas executores do que interessa ao sistema financeiro, às multinacionais e ao capital mafioso.
• gerar uma maior radicalização e organização das multidões demonstrando que muitos dos que se dizem de esquerda não sabem ou não querem aprofundar a oposição ao capital.
• estudar e discutir as formas económicas, sociais e políticas alternativas, do futuro, tendo em vista a extirpação do capitalismo e do seu comportamento genocida.

Em Portugal não é suficiente nem pedagógico ficar na expectativa da acção parlamentar das esquerdas, forçosamente limitada. É preciso e é possível tomar iniciativas que compliquem a gestão do capital.

À luta de massas no quadro sindical, pela despenalização do aborto, contra a redução dos direitos laborais é preciso juntar o que cada um, à escala individual ou de grupos pode realizar: apoiar, fomentar e organizar protestos, desobediência, insubordinação, desassossego; exigir, sem preocupações legalistas, se necessário; divulgar informação comprometedora para empresários, mandarins e respectivos agentes, a todos os níveis. A palavra, a escrita, a internet, o telemóvel, as paredes, tudo é susceptível de utilização contra o capital.

ESTE E OUTROS TEMAS EM WWW.ESQUERDADESALINHADA.BLOGS.SAPO.PT

via:
indymédia Portugal

terça-feira

Revista Crítica de Ciências Sociais

Os investigadores, interessados e curiosos têm agora disponível, no catálogo da Biblioteca Municipal da Mealhada, a catalogação, a indexação por assuntos, bem como os resumos dos artigos presentes nos números 68, 69,70 e 71 da Revista Crítica de Ciências Sociais, publicada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

Boas pesquisas ;)

sexta-feira

Fugir de Portugal - Parte 3 - O Haxe

O que se vai enkontrando pela net: o blogue kapa que reproduz artigos da extinta Kapa, onde militavam gajos como o Miguel Esteves Cardoso e o Pedro Rolo Duarte, entre outros.
Vamos lá ver o que estes senhores diziam e faziam antes de ocuparem os seus lugares no establishement cultural português.
AS DROGAS NATURAIS estão a fazer um repentino comeback depois do último Verão, com o reflorescer de milhares de novas plantações domésticas em marquises disseminadas pelo País Real, em vasos de terraços e nos próprios canteiros da GNR de Vila Nova da Zambujeira. Não se trata de um renascimento neo-hippie, à semelhança do que se pode observar em Londres e noutras capitais europeias. Longe de qualquer onda saudosista, o renascer do consumo do haxe e da erva é apenas o grito de revolta dos mais desfavorecidos perante o insuportável tédio que impregna a vida quotidiana dos portugueses. É que nem todos podem esportular as maquias exigidas pelos produtores das pastilhinhas coloridas que se tornaram moda nos últimos tempos entre os escapistas ricos deste nosso País Real. Como alternativa às multinacionais do crack e da ecstasy, ao luxo da coca e do cavalo, resta-nos o retorno aos bons velhos produtos naturais, que entorpecem sem causar dano, que entontecem sem fazer cair, que adormecem sem fazer sono. Que dão muito pouca ou nenhuma ressaca. Fumar uma passinha é um hábito inofensivo enraizado em muitos milhares de portugueses e que a negrura dos tempos que se avizinham irá provavelmente expandir a muitos outros, que não encontram melhor alternativa ao tédio quotidiano. Um charro começa por bater com uma tontura suave, depois uma sensação de «altura» e euforia controlada. Se o produto for de qualidade, pode passar a uma fase em que se perde a noção do tempo, a ponto de em dado momento e em relação a dado acontecimento não se saber se passou um minuto ou meia hora. Existem relatos de ocorrência de alucinações, mas atenção, que na maioria dos casos o abuso conduz ao enjoo e vómito subsequente. Com cuidado e moderação, um bom escapista pode atingir um estado de indiferença controlada em relação ao quotidiano, com o único senão de uma leve ressaca no dia seguinte. Para os que já esqueceram, ou ainda não experimentaram, lembramos que a Cannabis Sativa se dá esplendidamente no nosso clima temperado. Embora os manuais rezem que as sementes degeneram ao fim de duas ou três gerações de cultivo fora dos trópicos, tal não se verifica se forem seguidas precauções mínimas, e de um modo geral, a produção doméstica e urbana portuguesa, cultivada em marquises soalheiras, é comparável, ao que de melhor se consegue em zonas tropicais. Convém dispor as sementes em terra arejada, no princípio da Primavera, e fazer o transplante quando os rebentos atingirem 2 a 2,5 cm, para vasos de bom porte e terra barrenta, rica em argilas sílico aluminosas, onde as plantas jovens possam crescer sem entraves físicos, buscando a Iuz do sol, na vertical até ao terceiro mês. Quando, depois da inflorescência, a altura atingir os 2 a 3 metros, cortam-se e secam-se os pés com as cabeças para baixo, tendo o cuidado de aparar a seiva que eventualmente exsude das extremidades da planta, que produzirá um haxe de primeira qualidade. As flores e folhas secas serão trituradas e fumadas tal qual, em mortalhas de papel de arroz, sendo proverbiais os efeitos hilariantes da generalidade das ervas de fabrico nacional. O haxe pode ser fumado em tabaco, em cachimbos, ou até ingerido em bolos. O que interessa é que esta droga é inofensiva, não vicia e já pouco interessa à Polícia. Para os que não disponham de espaço para cultivo, lembramos que pode ser adquirida com facilidade nalguns dealers mais idosos da generalidade das Capitais de Distrito do Continente e Ilhas Adjacentes. A cannabis e os seus derivados são de longe as melhores alternativas ao País Real que um português de posses limitadas pode encontrar. Sejam de produção própria ou de importação, estas drogas naturais estão em vias de reencontrar o lugar que lhes cabe no coração dos escapistas nacionais. Sobretudo entre os que rejeitam a produção intoxicante das drogas químicas produzidas pelas autênticas multinacionais, que hoje em dia inundam o mercado de alucinogéneos, entorpecentes ou euforizantes químicos de consequências sempre nefastas para a saúde dos consumidores. E se marimbam para o ultrapassado snobismo yuppie dos que se riem dos charros, só para snifarem drogas caríssimas e aldrabadas, que na maior parte das vezes só servem para anestesiar as gengivas do maxilar superior.
In K, nº15, Portugal: Como dar o salto – Haxe, Alberto Castro Nunes et alii, Dezembro de 1991 / Fotografia: Pedro Cláudio

quinta-feira

F. M. I.


Reproduzo, aqui, um texto de que gosto muito, e que foi cantado por José Mário Branco na Aula Magna em 1982. Definitivamente a ler e a ouvir...


FMI - José Mário Branco

Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.Chama-se FMI.Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...É o internacionalismo monetário!

FMI
Cachucho não é coisa que me traga a mim

Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI

FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

Nota: FMI foi editado originalmente em 1982 no maxi Som 5051106, e reeditado em 1996 em 'Ser Solidário' ( EMI-Valentim de Carvalho). Aconselha-se vivamente a sua audição.

fonte: http://fmi.com.sapo.pt/

quarta-feira

O artigo do Público

Reprodução da parte do artigo do Público que fala de Ourém, para quem como eu, não paga acessos ao Belmiro:

(...) Ourém contabiliza 23 casas ardidas. O presidente da câmara, David Catarino, está preocupado com a desertificação. "Este ano arderam áreas florestais que tinham ardido há 15 anos, o que significa que as pessoas ficaram mais de uma década sem rendimentos florestais. Assim, habituam-se a viver sem este rendimento e mais cedo ou mais tarde abandonam isto", lamenta, insistindo que o problema não se resolve com multas nem com limpezas coercivas. "Nós nem conseguimos notificar as pessoas. Além disso, não temos orçamentos para limpar tudo e só recebemos o reembolso passados anos", argumenta. (...)

terça-feira

Desertificação do concelho de Ourém, não! - É uma grande mentira


Então, não é que o presidente da Câmara Municipal de Ourém, David Catarino, declarou ao Público que devido aos incêndios deste ano que percorreram a mesma área dos de há 15 anos (?!) o concelho corria risco de desertificação.
Que desfaçatez, que mentira está a dizer aos portugueses, sr. Catarino. O senhor que tanto apregoa, a altos brados os índices de desenvolvimento do concelho de Ourém, os melhores do distrito de Santarém, o crescimento, a industrialização, etc, etc, vem agora clamar que o concelho está em risco de desertificação?
Venho aqui corrigi-lo: É PURA MENTIRA!!!! - Pelo menos no concelho de Ourém que o senhor conhece, NÃO!!!
Esquecia-me de que o senhor, os seus compadres e lacaios conheciam apenas um concelho de Ourém, composto apenas por OURÉM, Ourém, Ourém, Fátima (apenas desde há 10 anos), Alburitel, Vilar e Bairro!
Recordo-lhe que o concelho de Ourém tem 18 freguesias, das quais o senhor apenas se lembrou aquando da recente tragédia dos incêndios que afectaram o concelho.
Recordo-lhe que apesar do bom desempenho económico das freguesias do sul do concelho (será Fátima uma factor alheio a isso?) há outras que têm vindo a perder população paulatinamente.
Recordo-lhe que há um movimento migratório dentro do seu próprio concelho (do Norte e Oeste para Fátima).
Recordo-lhe que não conheço quase ninguém da minha geração que detentor de um canudo viva ou trabalhe no concelho.
Recordo-lhe que num concelho com 416 km2 e 46000 habitantes há, apenas, 3 zonas industriais (uma da iniciativa de um grupo de empresários).
Recordo-lhe que, para além do famigerado nó da A1 em Fátima e que fica demasiado longe do resto do concelho, não há uma estrada de qualidade em todo o concelho (para quando o IC9?)
Recordo-lhe que, apesar da quantidade abismal de fundos que desde 1986 a UE enviou para o país para o sector da agricultura, os executivos camarários do concelho não os souberam aproveitar, não promovendo políticas de reestruturação fundiária e a inovação agrícola e silvícola nas terras [férteis] do concelho.
Recordo-lhe, ainda, que há populações do concelho que não têm saneamento básico.

Agora, o senhor presidente declara que o concelho está em desertificação!!!!

Olhá Novidade!!!!!

Mas o que é que o senhor Catarino fez para evitar tal situação???

Mas como os ensimesmados "aristocratóides da Cidade da Corja", sempre tiveram o rei no umbigo e a petulância e a altivez de pensarem que têm sangue azul "da Casa de Bragança" a correr-lhes nas veias: limitam-se a observar os súbditos do alto castelo e a única vez que falam com eles é quando recebem impostos. A centralidade de Lisboa perpetuada na centralidade de Ourém...

P.S.: Rigorosamente, a que é que o senhor presidente se referia quando falou nos fogos de há 15 anos? aos que atingiram as freguesias de Fátima, Atouguia e N.ª Sra. das Misercórdias? (talvez, não recordo a data e a área que ardeu, serrana, não é propriamente de pinhal, mas de carrasco); os que atingiram Espite e demais freguesias do Oeste concelhio em 1988? (2005-1988=17, menino David!). De qualquer modo, qualquer comparação é estúpida, porque a área atingida este ano é infinitamente maior (só mesmo quem não conhece o concelho é que não vê isso!)

foto: da minha janela