sexta-feira

Universidade aplica regime de prescrições


Como noticiava o "diário as beiras" na sua edição de ontem em grandes paragonas na primeira página "alunos cábulas vão ser ser expulsos".

Para além do título erróneo, há que escalpelizar o que está
aqui em jogo!
Ora, a partir do ano lectivo que começa em Setembro, os estudantes universitários começam a ter tempo limite para acabarem os cursos sob pena de expulsão. A nova lei diz que os estudantes têm de acabar os seus cursos no número de anos da licenciatura + 2, se aquela for de quatro anos, ou no número de anos da licenciatura + 3 , se esta for de 5 ou 6 anos. Quer isto dizer que os alunos de licenciatura terão de acabar o seu curso em 6 anos, no caso das licenciaturas de 4 anos, em 8 ou 9 se a licenciatura for de 5 ou 6 anos respectivamente.
Desde 1992 que os estudantes do ensino superior (público) têm sido alvo da prepotência dos diversos (des)governos que aprenderam que podiam ganhar dinheiro com os estudantes. No princípio da luta, os docentes mantiveram-se do lado dos estudantes, posição que dantes sempre foram incómodos para o poder. Que o digam os nossos porincipais governantes! (excepto o sr. Sócrates que foi estudante já em democracia [será ressabiamento por não ter lutado]). Por isso, os (des)governos da "democracia" demagógica actual lutam com os estudantes: a Europa exige que o país tenha um número de licenciados muito superior àquele que existia até ao princípio dos anos 90, o que para os (des)governantes constitui um problema - não se poderia ter um grande número de pessoas a pensar no país, senão correr-se-ia o risco de o país começar a ser verdadeiramente democrático - SOLUÇÃO: alienem-se os estudantes, formem-se técnicos, que paguem muito de propinas para acabarem os cursos depressa, e acima de tudo, que não saibam nada!
Como todas estas medidas não têm tido o sucesso esperado e têm sido contestadas por gerações de estudantes inventaram-se as prescrições.
As prescrições são mais uma medida de elitização do ensino superior:
  • no privado as propinas são pouco mais do que o dobro e enquanto se pagar ninguém é expulso;
  • se houvesse prescrições no seu tempo, alguns dos nossos (des)governantes não teriam acabado os seus cursos;
  • enquanto os estudantes estiverem entretidos a estudar, não agem social e politicamente (é disso que eles têm medo);
  • as universidades privadas estão a perder alunos (é preciso dar-lhes uma mãozinha);
  • argumenta-se que os alunos que têm o azar de chumbar estão a ocupar um lugar que podia pertencer a outro (mentira, nunca houve tantas vagas para tão poucos candidatos);
  • é natural alguém chumbar porque passou a época de aulas ou de exames à cabeceira de um familiar doente ou moribundo.
  • é natural alguém chumbar por estar doente ou a convalescer de um acidente na época de aulas ou de exames;
  • é natural alguém chumbar por razões psicológicas: um rompimento amoroso, o fim do financiamente paternal;
  • é natural chumbar-se por se ter fome: o dinheiro não estica e tem de ir para propinas e para senhorios pouco escrupulosos;
  • frequentemente, chumba-se por o aluno não partilhar das opiniões ideológicas de um seu professor;
  • muitas vezes chumba-se porque se está numa Universidade: é mesmo difícil!!!!!!!
Concluindo, pergunto: as prescrições farão algum sentido?????